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Com “Desenrola”, endividamento tem primeira queda em sete meses

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O nível de endividamento do brasileiro caiu pela primeira vez em sete meses e chegou a 78,1% das famílias em julho. É considerada endividada a pessoa que tem compromissos a vencer, ou seja, não necessariamente conta já atrasada.

O dado foi revelado nesta terça-feira (8) pela Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e reflete o início do Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes (Desenrola Brasil), do governo federal.

Em julho, a queda na proporção de famílias endividadas é de 0,4 ponto percentual (p.p.) na comparação com o mês anterior (78,5%). É também o menor resultado desde janeiro (78%). A Peic entrevista cerca de 18 mil consumidores em todas as capitais e no Distrito Federal e leva em consideração dívidas a vencer em cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, prestação de carro e de casa.

Do total de pessoas com dívidas, 18,2% consideram-se “muito endividadas”, percentual que apontou queda pela primeira vez desde dezembro. “O início desse segundo semestre vem sendo marcado por melhora nas condições de renda das famílias, com inflação que vem caindo de forma sustentada. Além disso, o mercado de trabalho vem absorvendo mais pessoas, deixando o consumidor mais seguro no emprego”, explica a economista da CNC Izis Ferreira, que acrescenta entre os fatores o reflexo do Desenrola.

O programa Desenrola começou a fazer a renegociação de dívidas da Faixa 2 (pessoas com renda de dois salários mínimos [R$ 2.640] até R$ 20 mil por mês) no dia 17 de julho. Em setembro, começarão a ser atendidas as pessoas com renda de até dois salários mínimos.

CLASSE MÉDIA – Quando o levantamento detalha o perfil de renda dos endividados entre junho e julho, percebe-se que as quedas nos percentuais acontecem justamente nos grupos de renda média: “3 a 5 salários mínimos” e “5 a 10 salários mínimos”. Nessas faixas, os índices caíram de 79,3% para 78,6%; e de 78,1% para 77,4%, respectivamente. Já o endividamento no grupo com renda até três salários mínimos apresentou alta de 79,2% para 79,4%.

“Esse público vai ser priorizado [pelo Desenrola] em setembro. No último trimestre do ano vai ser o momento em que a gente pode observar uma redução mais significativa no volume de endividados e inadimplente no grupo de pessoas de baixa renda”, prevê economista.

Apesar do recuo na proporção geral de endividados, a Peic mostrou aumento no percentual de dívidas atrasadas, que subiu de 29,2% para 29,6% entre junho e julho. Houve crescimento também nos que declararam não ter condições de pagar as dívidas que vencerão, 12% para 12,2%, de junho para julho.

CARTÃO DE CRÉDITO – O cartão de crédito é disparado a principal forma de endividamento do brasileiro. De cada 100 pessoas, quase 86 têm boletos de cartão de crédito no radar. A segunda forma de dívida vem bem atrás, são os carnês de loja, com 16,7%.

A Peic identificou recuo na proporção de endividados no cartão de crédito (87% para 85,9%). “O crédito rotativo do cartão é a modalidade de dívida mais cara no Brasil. Uma redução no volume de endividamento no cartão é um aspecto muito positivo. E tende continuar caindo conforme o cronograma do Desenrola for avançando ao longo desse ano”, explica Izis Ferreira

Isso mostra que essa grande iniciativa de renegociação de dívidas tem o potencial muito grande de resgatar o consumo das famílias, melhorando as condições financeiras e orçamentares dessas famílias”, conclui.

O levantamento detalha que 29,7% da renda do brasileiro estão comprometidos para pagar as dívidas. Esses compromissos duram, geralmente, 6,9 meses no bolso das famílias. Além das contas atrasadas são pagas, em média, 62,5 dias após o vencimento.

Por Bruno de Freitas Moura, repórter da Agência Brasil –

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